Obesidade é uma consequência?

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Segundo a World Health Organization (2017), a obesidade e o sobrepeso são 
definidos como o acúmulo excessivo ou anormal de gordura que desenvolve riscos para a saúde.
O que causa a obesidade? Pode se dizer que a ingestão de alimentos ricos em gorduras e açúcares, o comer excessivo e ter hábitos sedentários, que resulta em um gasto energético inferior ao consumo de energia, são fatores que causam a obesidade.


A ingestão de qualquer tipo de alimento relacionado a fatores ambientais como os hábitos alimentares, pode ser entendido como comportamento alimentar. Portanto, a obesidade está associada tanto as condições biológicas, predisposição em se tornar obeso, como também as condições ambientais, o estilo de vida de um indivíduo.

Mas, o que tem haver o meu estilo de vida com a obesidade?


O padrão alimentar “tradicional” dos brasileiros está sendo modificado, o consumo de cereais e grãos é substituído por alimentos industrializados como refrigerantes, doces, salgadinhos, biscoitos, sorvetes e entre outros. Observa-se que atualmente o aumento de hábitos nutricionais inapropriados, como o aumento no consumo de alimentos com excesso de gorduras, açúcares e sódio, e pobres em vitaminas, minerais e fibras (Costa, Pontes, Brasil, Ferreira e Taddei, 2008). Junta-se a isso um sedentarismo que envolve o uso de itens de conforto como os eletrodomésticos, o constante uso de automóveis, computadores e televisão que interfere no gasto de energia do corpo somados a negligência da prática de exercícios físicos. Portanto todos esses comportamentos estão mais constantes na vida dos brasileiros, em seu estilo de vida, desenvolvendo assim, a obesidade.

A obesidade causa muitas complicações de saúde, contribuindo assim, para a ocorrência de doenças que são atualmente as maiores causas de mortalidade no Brasil, como diabetes tipo 2, hipertensão arterial e doenças cardiovasculares (Lotufo, 2015).


Resulta ainda em problemas psicológicos como os de autoestima, sentimentos de inferioridade, isolamento social, dificuldade em expressar sentimentos, entre outros, tal qual, problemas relacionados ao âmbito social como a discriminação sofrida em diversos ambientes devido ao peso excessivo.

Como é feito o tratamento da obesidade?
Existem as intervenções tradicionais utilizadas no tratamento da obesidade, como a nutricional, farmacológica, atividades  físicas, cirúrgica e psicológica, mas, quando aplicadas isoladamente, não cumprem com resultados satisfatórios a curto e longo prazo (Moreira & Benchimol, 2006).

Atualmente, a intervenção psicológica passou a ser um fator importante para o tratamento da obesidade que atenta as condições comportamentais, cognitivas  e emocionais. Entretanto, os tratamentos multidisciplinares que abarcam dieta, atividade física e modificação do comportamento são essenciais no tratamento da obesidade.

A Análise do Comportamento, uma das abordagens teóricas da psicologia, tem
contribuído com o desenvolvimento de procedimentos eficazes, auxiliando assim, no controle etiológico da obesidade. Esses procedimentos têm contribuído tanto com a Psicologia como também com as áreas da Educação Física, Nutrição e Medicina, a entenderem a influência que o ambiente exerce sobre o comportamento, e consequentemente, entenderem melhor o que é a obesidade (Macedo, Escobal e Goyos, 2011).

Para o psicólogo comportamental, os comportamentos que levam uma pessoa a ser obesa, são aprendidos. O comer é controlado pela fome, como também, pelo
prazer em saborear tal alimento, um prazer imediato. Uma pessoa aprende a fazer escolhas ao decorrer de sua vida, escolhe por algo imediato ou a longo prazo. Por exemplo, perante um alimento rico em gorduras e açúcares, a pessoa pode escolher comer imediatamente (impulsivamente ou em excesso) ou não comer (corpo magro e saudável).

Portanto a obesidade é consequência de comportamentos inapropriados que pode ser revertida a partir de comportamentos apropriados. Não é fácil aprender outros hábitos ou comportamentos, mas o prazer está naquilo que é aprendido.




Anna Carolina Gonçalves Souza

Psicóloga Colaboradora 


Graduada em Psicologia pela PUC GO com sub-ênfase em Psicologia Clínica Comportamental. Possui experiência em clínica, pesquisa conceitual e experimental com fundamentação teórica na Análise do Comportamento. Durante quatro anos foi aluna de Iniciação Científica, Bolsista da Fapeg, participando de pesquisas relacionadas aos transtornos alimentares (principalmente a obesidade infantil), ao Programa Saúde na Escola do Governo Federal e violência na escola.


Referências
Costa, T. F., Pontes, T. E., Brasil, A. L. D., Ferreira, A. B. R., & Taddei, J. A. A. C.(2008). Transição nutricional e desenvolvimento de hábito de consumo alimentar na infância. Em: J. E. Dutra-de-Oliveira, & J. S. Marchini, (Orgs.) Ciências nutricionais: aprendendo a aprender. São Paulo: Sarvier.
Lotufo, P. A. (2015). Um desafio para 2025: reduzir a mortalidade precoce por doenças crônicas em todo o mundo. Diagnóstico & Tratamento, 20 (2), 51-52.
Macedo, M. Z., Escobal, G., & Goyos, C. (2011). Algumas contribuições da Análise do Comportamento para o estudo da obesidade e do sobrepeso. Em C. V. B. B.
Pessôa, C. E. Costa e M. F. Benvenuti, (Orgs.) Comportamento em Foco 1 (pp.371-386). São Paulo: Associação Brasileira de Psicologia e Medicina Comportamental – ABPMC.
Moreira, R. O., & Benchimol, A. K. (2006). Princípios gerais do tratamento da obesidade. Em M. A. Nunes, J. C. Apolinário, A. L. Galvão & W. Coutinho, (Orgs.) Transtornos Alimentares e Obesidade (pp. 290-297). Porto Alegre:Artmed.
World Health Organization (2017, janeiro). Obesity and overweigh. Retirado em 23 de janeiro de 2017 do site http://www.who.int/mediacentre/factsheets/fs311/en/


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