A presidente do Conselho Regional de Psicologia no Distrito Federal, Vanuza Sales, afirma que os estudantes na educação básica estão na fase de “definir caminhos” e que a interface psicologia-escola pode contribuir nesse processo.

Vanuza é especialista em psicologia escolar pela Universidade de Brasília (UnB) e atua na Secretaria de Educação do Distrito Federal.

■ Você acha que os estudantes têm sofrido mais de ansiedade e se sentem muito cobrados?

Vanuza Sales — Sim, porque vivemos numa sociedade muito rápida, volátil, em que tudo é para agora. Os jovens já são naturalmente mais ansiosos e agora há uma cobrança muito maior pra que eles deem conta de todo um conjunto de ansiedades, incluindo as da família, as sociais, de definição de carreira etc. Se nesse processo ele não consegue se perceber, pode acabar recorrendo ao que aparenta ser uma solução rápida, e aí pode se instalar uma dependência química, uma fuga que o tira da cobrança intensa. A escola deve exercer um papel estruturante para que o jovem evite isso, equipando-o criticamente para as boas escolhas e é aí que a psicologia entra.

■ O psicólogo na escola pode melhorar as notas e ajudar na eventual escolha de um curso superior?

Sim, mas não só nisso. Em Brasília, eu tive a oportunidade de atuar no suporte a estudantes com necessidades especiais. Hoje temos vários estudantes com síndrome de Down ou autistas que estão nas universidades, trabalhando, casando, constituindo famílias.

Então, nesse e em outros sentidos o Brasil precisa avançar, compreender os sujeitos, seus processos e possibilidades. É justamente aí que a assistência da psicologia na escola pode fazer diferença.

■ E na sua atuação, como especialista e na Secretaria de Educação, quais são as principais demandas diretas de psicologia que partem dos estudantes?

Eles buscam sobretudo quando convivem com prática de violências, abuso de álcool e drogas. A adolescência já é um período muito reflexivo, por ser um momento de transição e trazer toda uma gama de dificuldades e necessidades inerentes a esse processo. E a escola é o espaço para a construção do saber social. Por isso, os educadores têm que estar junto com a gente na defesa dos psicólogos na escola, auxiliando no processo de desenvolvimento humano. A experiência social é muito ampla pela escola, é nela a primeira oportunidade social depois da família.