ASPECTOS PSICOLÓGICOS DE UMA SEPARAÇÃO E OS NOVOS ARRANJOS FAMILIARES
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A A separação de um casal geralmente traz um estado de discórdia entre eles. Abre-se um processo de disputa que exige a criação de novas estruturas de convivência, principalmente no que tange a pais e filhos. Todos os familiares vivenciam incertezas e angústias que ameaçam a estabilidade pessoal, exigindo a elaboração de uma perda.
Começa então a desencadear falhas na comunicação entre eles, havendo interpretações errôneas que podem permear mágoas e ressentimentos gerando conflitos que afetam diretamente o exercício parental, ou seja, confunde-se o papel marido x mulher com o de pais x filhos.
Faz-se necessário compreender os novos desafios da eminência de novos arranjos familiares que instituem as redefinições de papéis e da dinâmica tida como tradicional na família. É preciso elucidar a distinção entre parentalidade e conjugalidade e fazer valer a parentalidade, mesmo que o exercício conjugal tenha se rompido.
O rompimento conjugal não envolve apenas o “sair de casa”, o que faz surgir sentimentos de perda, abandono, fracasso, rejeição, medo e insegurança, mas a necessidade de assumir responsabilidades legais, sociais e emocionais que esse momento exige. Esse movimento de saída pode gerar sentimentos depreciativos por questões mal resolvidas pelo ex-casal, o que pode acabar afetando fortemente os filhos desta relação.
Estudos demonstram que essa situação pode causar um aumento de doenças físicas e emocionais, e as pessoas envolvidas estão mais propensas a sofrerem acidentes automobilísticos, cometerem suicídio, faltar ao trabalho e se deprimir com facilidade. Quando mal conduzida uma separação, com a confusão entre os papéis da conjugalidade e da parentalidade, os efeitos psicológicos podem ter consequências desastrosas para todos os membros da família.
O divórcio legaliza esse momento de desunião gerando muitas vezes um clima de disputa entre o filho, criando inconscientemente novas estruturas de convivência provocadoras de angústias e incertezas que ameaçam a estabilidade pessoal de todo o grupo familiar.
Já para os filhos, a separação representa um mistério, no qual não se conhece as causas, sendo necessário que os pais expliquem com o máximo de transparência e objetividade. É muito importante que os pais nesse momento estejam próximos de seus filhos, dando-lhes segurança e respondendo às suas demandas emocionais, tendo que, às vezes, abrir mão das suas.
Infelizmente, em muitos casos, ocorre de o pai ou a mãe querer se desvincular e desligar completamente da relação, gerando consequências psicológicas terríveis para a vida do filho. Surge, então, o medo, consciente ou inconsciente, e a percepção de que os adultos não são confiáveis.
É muito difícil para um filho, principalmente se for criança ou adolescente, perder a convivência diária com um dos pais. Outra situação, ainda mais complicada, é o fato de quando eles são colocados no meio dos conflitos dos pais, com situações em que um joga o filho contra o outro, expondo-o às brigas.
Frente à ruptura conjugal, as famílias que conseguem construir fronteiras nítidas entre os membros e manter uma hierarquia capaz de preservar a relação de cuidado, proteção e amor para com seus filhos, têm grande potencial para se reorganizar de forma mais funcional e saudável.
Além disso, fatores como a manutenção da harmonia entre os pais, o tempo dedicado aos filhos, o estilo de vida dos progenitores, a presença ou ausência de um projeto familiar, potencializam a família na formação de hábitos, atitudes e valores dos seus filhos.
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